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Quanto ganha um "cientista" no Brasil

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Acabei de ler um texto com o seguinte título “Você quer mesmo ser cientista?”. A autora é a Dra. Suzana Herculano-Houzel, bióloga, neurocientista, professora e pesquisadora pela UFRJ. No texto ela coloca em pratos limpos a verdadeira situação do Brasil na área da pesquisa e também aponta possíveis soluções para o problema. O principal objetivo é fazer você desistir dessa área. Veja por que.

Para entrar na área da pesquisa, o aspirante a cientista começa com a Iniciação Científica (IC), ainda na graduação, cuja remuneração é de R$ 400,00/mês (valor atual definido pelo CNPq). Contudo, não são todos que conseguem essa esmola ajuda financeira.

Você dedica toda sua graduação à pesquisa e quando se forma, percebe que há pouco espaço no mercado de trabalho real para você fazer o que sabe fazer de melhor. Então a saída é continuar o ciclo, e partir para o mestrado.

Sem ter nenhum direito trabalhista, você trabalha até 40h semanais para ganhar R$ 1.350,00 por mês. Você pensa: “eu posso complementar minha renda com outro emprego”. Aí que você se engana, pois para ganhar essa bolsa você não pode ter vínculo empregatício algum.

Você torna-se mestre e cadê o emprego? O gato comeu. São poucos os institutos de pesquisa, como o INCA ou a Fiocruz, que oferecem emprego (através de concurso público) para pesquisadores. A única opção é virar professor universitário. Mas muitas vezes o doutorado é exigido, em ambas as situações.

Então, sem saída, você parte para o doutorado. Lembrando que já se passaram pelo menos uns três anos desde sua graduação. Vamos concorrer à bolsas de R$ 2.000,00 mensais? Você deveria estar feliz por “estar recebendo para estudar”. Só que não. Toda a produção científica brasileira depende dos pesquisadores e é utilizada para avaliar as instituições de ensino.

Que alegria. Agora você pode realmente ser chamado de Doutor. Mas a única opção disponível agora é ser professor. Uma profissão que deveria ser escolhida por vocação é escolhida por falta de opção. Mas você pode agora desenvolver seus projetos de pesquisa, sem ganhar nada a mais por isso no começo. Ressaltando que seu emprego é de professor, não cientista.

“Torço para que você tenha ficado indignado a ponto de considerar fazer outra coisa da sua vida. Precisamos de uma crise, e um desinteresse súbito da parte de nossos jovens seria muito, muito, muito eloquente”, escreveu Dra. Suzana.

Se você quer saber mais sobre a ciência brasileira, leia na íntegra o texto no blog da autora: link
(segunda parte: link)

E aí, você ainda quer ser um cientista?


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