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Terapia com Anticorpos Monoclonais

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Em 1984, Kohler and Milstein receberam o Prêmio Nobel de Medicina pelo trabalho pioneiro na produção de Anticorpos Monoclonais (MAb, monoclonal antibody). Uma das grandes vantagens foi a capacidade de desenvolver uma linhagem celular imortalizada capaz de produzir uma fonte contínua do mesmo anticorpo para um antígeno em específico.

Inicialmente os MAbs eram usados apenas para a produção de reagentes laboratoriais, mas eventualmente foram adotados como agentes terapêuticos. Hoje em dia são ótimos aliados no tratamento do câncer.

Estrutura molecular dos Anticorpos Monoclonais

Anticorpos murinos

A produção inicial de MAbs envolvia a fusão de células esplênicas individuais secretoras de anticorpos, de camundongos imunizados, com uma linhagem celular de mieloma para gerar células imortais que secretavam anticorpos monoclonais.

O problema era que com o passar do tempo, a administração do medicamento durante a triagem clínica, o organismo humano produzia anticorpos contra os MAbs, devido a imunogenicidade das proteínas murinas, resultando na neutralização da efetividade do MAb murino.

Anticorpos quiméricos

Para superar esse problema de neutralização da efetividade do MAb murino, tentou-se produzir um anticorpo mais parecido com o humano e menos imunogênico. No início dos anos 90, técnicas de biologia molecular permitiram a criação de anticorpos quiméricos, pela junção de genes codificadores de anticorpos humanos e murinos, resultando em um MAb com 65% de origem humana.

Mesmo assim, a parte murina restante era capaz de causar imunogenicidade e fez-se necessária o uso da engenharia na produção de anticorpos monoclonais melhores.

Anticorpos humanizados

Assim, com o objetivo de minimizar a resposta imune do hospedeiro, propôs-se a humanização de anticorpos. Para fazer isso engenheiros desenvolveram uma técnica de produção de genes codificantes de anticorpos com apenas algumas pequenas porções variáveis de anticorpos murinos, diminuindo muito a chance de resposta imune indesejada.

Nomenclatura

A nomenclatura dos fármacos desenvolvidos a partir dos anticorpos monoclonais segue uma lógica e um padrão pré-estabelecido, que permite conhecer o “alvo” de sua utilização e a origem do anticorpo monoclonal (humana, rato, etc). O nome do remédio consta de quatro componentes – um prefixo, dois infixos e um sufixo, a saber:

Prefixo:é a sílaba inicial, escolhida para dar nome ao remédio.

Infixos: São dois. O primeiro aparece logo após a sílaba que dá nome ao remédio e identifica  o “alvo” que o anticorpo pretende atingir. Em seguida, aparece o infixo que identifica a origem ou a fonte de anticorpos monoclonal.

Sufixo: é sempre o termo mabe, identificando que o fármaco foi produzido a partir de anticorpos monoclonais.

INFIXO QUE DEFINE O “ALVO” DOENÇAS OU AGENTES

Viral: -vir-
Bacteriano: -bac-
Imunológica: -li- (ou lim)
Lesões infecciosas: -les-
Cardiovascular: -cir-

TUMORES

Cólon: -col-
Melanoma: -mel-
Mama: -mar-
Testículo: -got-
Ovário: -gov-
Próstata: -pr(o)-
Miscelano: -tu- (ou tum)

INFIXO QUE DEFINE A ORIGEM

u = humano
o = camundongo
a = rato
zu = humanizado
e = hamster
i = primata
xi = quimera

Veja os exemplos abaixo:

Rituximabe:ri (nome dado ao remédio) + tu (alvo: tumores) + xi (fonte: quimérico) + mabe (anticorpo monoclonal)

Infliximabe: inf (nome dado pelo laboratório) + li (alvo: doença imunológica) + xi (fonte: quimérico) + mabe (anticorpo monoclonal)

Susan Dana Jones, Francisco J. Castillo, Howard L. Levine. Advances in the Development of Therapeutic Monoclonal Antibodies. BioPharm International,  October 2007.


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